The 4400 – Welcome to Promises Broken (Capítulos 37 e 38 traduzidos)

Publicado: 5 de junho de 2011 em The 4400

Pessoal, depois de algum tempo sem postar nada, estou de volta. Dessa vez temos dois capítulos novos: o 37, traduzido por mim; e o 38, traduzido por Helena Padim. Comentem que em breve teremos a continuação da história!

TRINTA E SETE

2:45 P.M.

TOM ENCONTRAVA-SE no escritório de Shawn ao lado da porta fechada, ainda despreparado para aceitar o convite de Jordan para participar de uma comunhão psíquica maluca.

            — Vai ser como aquela vez com a torta?

            — Não, Tom — respondeu Jordan. — O fenômeno que você experimentou em Evanston só permitia às pessoas partilharem memórias. Isso é como criar uma percepção em harmonia ao vivo.

            Havia três pessoas atrás de Jordan, todas elas esperando por Tom, e Gary era o único que ele conhecia. Jordan apresentara os outros como Lucas, cuja habilidade era criar telepatias gestálticas, e Hal, uma observadora remota cuja especialidade era encontrar pessoas ou coisas mesmo quando elas estavam em movimento ou muito distantes.

            — Não quero que fiquem lendo meus pensamentos — disse Tom.

            — Não é bem assim — retrucou Lucas. — Quando nos conectarmos, veremos e ouviremos as mesmas coisas, mas nossos pensamentos continuarão privados ao menos que queiramos dividi-los.

            Com um malicioso sorriso torto, Gary disse:

            — Tão privados quanto podem ser com um telepata na sala.

            — Não está ajudando — disse Tom a Gary.

            Gary levantou uma mão e abaixou a cabeça para desculpar-se.

            — Relaxa, Tom. Tenho mais controle do que costumava. Hoje em dia, consigo procurar informações específicas na cabeça das pessoas, como saber se são amigos ou inimigos, ou se estão escondendo algo importante. Agora que sei que está do nosso lado…

            — Não diria que estou ao seu lado exatamente — protestou Tom. — Diria que temos um interesse em comum: impedir o Armagedom.

            As mandíbulas do telepata contraíram-se, como se ele estivesse segurando sua raiva.

            — Diga como quiser. A questão é que não estarei espionando sua cabeça.

            — Tom, convidei-o para juntar-se a nós por duas razões — disse Jordan. — A primeira é para que você possa ter acesso total a todas informações que temos. Assim saberá que não estamos escondendo segredo algum. A segunda razão é que, assim que encontrarmos essa bomba, você e seu time bolem um plano para impedi-la. Todos do meu povo que têm habilidades propícias ao combate estão ocupados lutando contras as tropas na cidade ou defendendo o Centro de um ataque iminente.  Não posso liberar ninguém até que a batalha pela cidade termine.

            Tom assentiu e deu um passo a frente para se juntar ao grupo.

            — Certo — concordou ele. — Eu entendo. Vamos logo com isso.

            Os cinco homens deram-se as mãos e fecharam os olhos.

            A princípio, a convocação dos gestálticos era como um sussurro, quase imperceptível em meio ao barulho dos pensamentos soltos na cabeça de Tom. Então aquilo caiu por cima dele como uma onda suave e morna.

            Ele sentiu sua respiração e pulsação sincronizarem com a dos outros.  Embora seus olhos ainda estivessem fechados, ele viu a si mesmo e aos outros por cima, e soube instintivamente que era a habilidade de visão remota de Hal sendo compartilhada.

            — Por onde devemos começar, Tom? — perguntou Jordan.

            — Acredito que nosso veículo esteja na estrada há um tempo — respondeu ele. — Marco disse que o fogo no laboratório já tinha se apagado quase por completo quando ele chegou lá, então deve ter sido aceso logo de manhã. Agora, o caminhão podia estar quase em Yellowstone.

            A perspectiva de visão remota subiu cada vez mais, através do telhado do Centro, como se ele fosse feito de vapor, e das nuvens, para onde o horizonte começava a mostrar o primeiro sinal de uma curva. Então aceleraram para sudoeste, a Terra abaixo deles tornando-se um borrão. Disparando pelas montanhas de nuvens, eles sobrevoaram o Monte Rainier, passaram por sobre as Rockies e planaram pelos planaltos do oeste.

            — Vamos começar pelo parque e fazermos o caminho de volta pela rota mais provável — disse Hal.

            Os outros murmuraram em concordância.

            Enquanto desciam em espiral para o chão, Tom sentiu um embrulho no estômago e uma tontura. Tudo o que via era um borrão de terra firme.

            — Como sabe onde está?

            — Eu apenas sinto — disse Hal. — Eu imagino o lugar que quero procurar e sinto o caminho até lá.

            Segundos depois estavam movendo-se paralelamente ao chão, traçando o caminho da estrada, as linhas de trânsito surgindo numa tira amarela incessante.

            Nos próximos minutos, carros de todo tipo passaram, alguns sozinhos, outros em grupos.

            Ao sinal de qualquer veículo branco, Hal diminuía a velocidade e preparava-se para dar uma melhor olhada. O primeiro era um carro compacto; o segundo, um de esporte.

            Na rodovia, a alguma distância de Yellowstone, eles avistaram um terceiro veículo: uma van.

            — Vamos dar uma olhada — disse Tom.

            — Pensei que estivéssemos procurando um SUV — disse Jordan.

            — Estamos perto. Não podemos arriscar perdê-lo.

            Hal guiou o ponto de vista deles na direção da van, então eles atravessaram sua lateral e entraram. A área de carga era preenchida por cortinas de tecido, bastões de metal e caixas de ferramentas e peças menores – mas nada que parecia com uma bomba.

            — Não é o nosso cara — disse Gary. — Ele trabalha para uma loja de departamentos, fazendo instalação de janelas.

            — Certo — disse Tom. — Vamos em frente.

            A visão paralela do mundo inverteu a direção, saindo da van como um fantasma. Os quilômetros iam ficando para trás, a extensão da rodovia era imutável enquanto se torcia como um laço na direção do horizonte sob um céu obscurecido.

            Algo ao longe chamou a atenção de Tom.

            — Ali — ele disse. — SUV branco vindo na nossa direção.

            Em um piscar de olhos eles atravessavam o parabrisas e estavam no banco do passageiro, ao lado do motorista. Era um homem branco de uns quarenta anos, com cabelos castanhos, e esguio. Havia sangue seco nas postas de suas unhas. Entre ele e o câmbio havia uma pistola Glock semiautomática.

            Na parte de carga havia uma sinistra protuberância no formato de uma bomba sob uma lona.

            — Bingo — disse Tom.

            — Com certeza esse é o cara — disse Gary. — É Jakes. O plano todo está claro em sua cabeça. Ele está indo para a margem oeste do Lago Yellowstone. Quando chegar lá, irá armar a bomba e jogar o caminhão lago para que ninguém interfira antes que ela detone.

            — E seus conspiradores? — indagou Jordan. — Os outros membros dos Marcados?

            — Wells e Kuroda estão em um voo para fora de Vegas. Estão indo para Tókio, e de lá se esconderão.

            — Pegue cada detalhe — falou Tom. — Fabricante e modelo, o número da placa, marcador de quilometragem, quanto combustível tem. Tudo.

            — Nissan Pathfinder — disse Jordan. — O tanque está pela metade.

            Hal foi para trás, e eles pareceram estar andando de costas em frente ao veículo.

            — A placa é da Califórnia — disse. — Número: 3XZZ713.

            — Beleza — disse Tom. — Agora só precisamos saber onde ele está.

            Ainda perseguindo o SUV, eles subiram uma altitude que Tom deduziu ser de uns 30 metros e circundaram a área.

            — Tem algo à frente — disse Luca. — Pedágio, talvez…

            — Droga — disse Tom. — É a entrada para Yellowstone. O cara está a alguns minutos da costa de Wyoming.

            Jordan perguntou preocupado:

            — Quanto tempo até ele chegar ao local?

            — Quinze minutos até o perímetro — respondeu Tom. — Chegará ao centro em uma hora. Depois disso, será tarde demais para detê-lo.

TRINTA E OITO

 

3:06 P.M.

TODOS OS MAPAS DO Wyoming e do Parque Nacional de Yellowstone que Marco conseguira achar na biblioteca educacional do Centro 4400 estavam abertos sobre a mesa da lanchonete entre Tom e Diana. Era uma verdadeira montanha de papeis.

            A equipe da NTAC havia se reunido na loja principal do Centro para formular um plano, o mais rápido possível, para interceptar o agente dos Marcados que transportava a bomba. Apesar do fato de que o edifício possuía seu próprio gerador, a crise atual exigia que fossem desligados os sistemas não-essenciais, o que, para decepção geral, incluía o ar condicionado.

            — A estimativa de tempo de Tom estava correta — disse Marco, enxugando o suor de sua testa. Com seu dedo indicador, ele seguiu a linha da rodovia que adentrava o parque pelo oeste. — Neste momento, nosso cara está na Rodovia da Entrada Oeste. Ele vai virar para o sul na Estrada da Grande Volta em cerca de vinte e cinco minutos. Dali, ele estará a apenas meia hora da margem oeste do Lago Yellowstone.

            Jed voltou da cozinha com um arsenal de sanduíches embrulhados em celofane e papelão fino.

            — Tudo o que pude encontrar foi salada de ovo com maionese de baixa caloria — disse ele, colocando os sanduíches em cima dos mapas. — Heather deu todo o resto para o pessoal ferido lá no auditório.

            — Eu não ligaria se fosse couro de sapato — disse Marco, estendendo a mão para um dos pacotes. — Eu comeria qualquer coisa agora.

            — Idem — acrescentou Tom, pegando um sanduíche para si. — E quanto às garrafas de água?

            Desculpando-se com um encolher de ombros e um abanar de cabeça, Jed respondeu:

            — Elas foram para o mesmo lugar que os sanduíches bons. Junto com os sucos e refrigerantes.

            Diana abriu um sanduíche para si e deu uma grande mordida. Entre o mastigar de pão e ovo, ela resmungou:

            — Credo, isso é horrível. — Mas continuou a comer, assim como os outros. Tinha sido um dia longo, e nenhum deles tinha comido desde o momento de vir para o trabalho, sete horas mais cedo. Nem mesmo o fedor de corpos exaustos, embrulhados em vestes táticas à prova de bala, era suficiente para fazê-los perder o apetite.

            Mastigando seu sanduíche, Jed perguntou:

            — Podemos alertar a administração do Parque? Pedir para interceptar o utilitário?

            — Este não é exatamente o treinamento que eles recebem — respondeu Tom. — Um erro e eles podem ser mortos, ou pior, detonar a bomba. Além do mais, como vamos contatá-los? Continuamos sem telefone, e-mail ou contato por rádio com o mundo fora de Seattle.

            Jed encolheu os ombros.

            — Talvez alguém do pessoal de Jordan possa mandar uma mensagem telepática.

            Marco olhou interrogativamente para o agente.

            — Sim, isto iria realmente conferir credibilidade à mensagem: um comunicado mental do pessoal que o governo está tentando exterminar, dizendo que eles devem fazer de tudo para parar uma bomba em Yellowstone.

            Fuzilando Marco com o olhar, Jed respondeu:

            — Era só uma ideia.

            Olhando de um mapa para outro, Diana perguntou:

            — Qual é a distância daqui para Yellowstone?

            — Em linha reta? — disse Marco. — Por alto, uns 1.300 quilômetros. Por quê?

            — Há um jato executivo Cessna Citation no hangar de Boeing Field — disse ela. — Talvez se nós…

            — Levaríamos vinte minutos só para chegar até lá — respondeu Tom. — Além do mais, pode não estar abastecido.

            Marco acrescentou:

            — E pra completar, a velocidade máxima do Citation é de aproximadamente 950 quilômetros por hora. Mesmo se decolássemos neste segundo, jamais conseguiríamos chegar a tempo.

            — Vocês estão se esquecendo de outra coisa — disse Jed. — Quanto vocês acham que avançaríamos, partindo de Boeing Field, até que a aeronáutica nos derrubasse?

            — Ótimo — disse Diana, largando os braços, em rendição. — Podemos riscar a opção de voar. — Ela massageou a própria testa. — Deus, isto é perturbador. Deter bombas em caminhonetes é a razão pela qual o Departamento de Segurança Doméstica1 foi criado! Mas agora, mesmo sabendo onde a picape está e para onde está se dirigindo, não há nada que possamos fazer a respeito!

            Todos olharam para os mapas, cada um estampando o mesmo semblante de consternação.

            Tom disparou um olhar em direção a Marco.

            — Se você pudesse nos teletransportar…

            — Sem chance — respondeu Marco. — Levar a mim mesmo para fora do laboratório e voltar é uma coisa. Levar alguém comigo é exaustivo. Não posso fazer isto novamente, não em tão pouco tempo e nem por uma distância tão grande.

            Franzindo a testa, ele continuou:

            — Se pudéssemos conseguir com Jordan um telecinético, ou um eletrocinético, e colocá-los em contato com aquele grupo telepático dele, poderíamos desfragmentar Jakes e aquela caminhonete, e acabar com isto agora mesmo.

            — Esqueça — disse Tom. — Precisamos usar uma ameaça apocalíptica só para convencer Jordan de que era importante demais nos deixar usar sua equipe para achar a maldita caminhonete. Enquanto ele estiver em guerra com o exército, não vai se arriscar mais.

            — Em outras palavras — disse Jed, enquanto amassava seu pacote de sanduíche vazio —, Jordan não consegue ver a situação como um todo. — Ele arremessou o papel para uma cesta de lixo distante. — Ele está tão ocupado defendendo seu próprio quintal, que não consegue ver que o céu está desabando.

            A voz de Jordan fez com que as cabeças se voltassem em direção à porta.

            — Eu estou completamente ciente do que está acontecendo — disse ele, entrando no recinto. — Mas, ao contrário da crença popular, habilidades agressivas não são comuns entre os promicina-positivos. Para cada pessoa que desenvolve um talento específico para combate, há dezenove que não o fazem — Parou na ponta da mesa e se manteve em pé, com as mãos cruzadas nas costas. — Meu pessoal é maioria por pouco nas ruas, e a maior parte daqueles que estão defendendo este Centro tem que fazê-lo com armas nas mãos. Tenho um telecinético lutando para manter um campo de força de proteção em torno do prédio, e um guarda-costas perito em ataques psíquicos me protegendo. Então não é que eu não queira recrutar todos para ajudá-los. Na verdade eu não tenho no momento ninguém disponível para isto.

            — Sim, nós entendemos — respondeu Tom. — E nós mesmos iremos cuidar da caminhonete, se conseguirmos chegar até ela.

            — Nisto — disse Jordan, com um sorriso — eu posso ajudar.

*****************

Vários minutos depois Jordan retornou, parou na asfixiante entrada da loja e olhou para o corredor atrás de si.

            — Kendall? Pode entrar aqui, por favor?

            Diana observou Jordan conduzir uma bela adolescente para o refeitório. Ele a direcionou para a mesa dos agentes da NTAC e a seguiu. Quando ela se aproximou, Diana viu que a garota era mestiça de asiáticos com europeus. Seu cabelo preto esfarrapado, na altura dos ombros, era permeado por mechas rosa choque e turquesa. Ela estava vestida em calças jeans rasgadas, que haviam desbotado até ficarem quase brancas, camiseta do Colbert Nation2, jaqueta de couro que parecia ter sobrevivido a uma queda de moto em alta velocidade num chão de cascalho, e coturnos bem desgastados.

            — Pessoal — disse Jordan —, esta é Kendall Graves. Pedi que os ajudasse, e ela concordou.

            Acenando com a cabeça para a garota, ele acrescentou:

            — Diga oi.

            Com um olhar vidrado de tédio que parecia peculiar em adolescentes, ela levantou o queixo em direção aos agentes.

            — E aí?

            Diana não tinha motivos para não gostar da garota, mas tudo o que dizia respeito a Kendall, desde sua desprezível arrogância até a forma como ela irradiava uma sexualidade selvagem, simplesmente em virtude de sua juventude, faziam-na temer que aquilo fosse o que o futuro reservava para Maia.

            Retirando com um dos dedos o cabelo molhado de suor de cima de seus olhos, Marco perguntou à garota:

            — Você é uma teletransportadora?

            — Eu abro portais — declarou Kendall, com orgulho evidente. Com uma sacudidela casual da cabeça, ela jogou seu cabelo multicolorido para trás dos ombros. — Mostre-me aonde você quer ir, e eu te darei uma porta que o deixará lá.

            Tom acenou com a cabeça, em aprovação.

            — Parece perfeito.

            — Acaba com seus problemas com as linhas aéreas — disse Kendall com um sorriso. Ela apoiou uma das mãos, acentuando a curva de seu quadril e transferiu o peso para enfatizar as linhas de suas longas pernas. — Então… Pra onde vocês vão?

            — Parque Nacional de Yellowstone — respondeu Diana.

            Uma expressão confusa elevou as sobrancelhas arqueadas da garota, uma das quais, notou Diana, tinha um piercing.

            — Onde fica isto, exatamente?

            — Wyoming — disse Diana. — Já ouviu falar? — Segurando um mapa dos Estados Unidos, ela apontou para o parque. — Aqui.

            Kendall concordou com a cabeça, aparentemente ignorando a sutil e disfarçada hostilidade irracional de Diana.

            — Beleza. Sem esforço. Já fiz portais desta distância antes. Posso levá-los até lá.

            Tom perguntou:

            — Você pode mover mais de uma pessoa de uma vez só?

            — Eu só abro uma porta — disse Kendall. — O que passar, passou. Um, cinco, dez, não faz diferença para mim.

            — Quanto mais, melhor — observou Jed. Ele perguntou a Jordan: — Podemos pegar nossas armas e munições de volta? Eu preferia não ter que jogar pedras nesse filho da mãe quando o alcançarmos.

            — Eu pedirei para trazerem de volta suas armas — declarou Jordan.

            Marco intrometeu-se:

            — Se alguém puder trazer também algumas garrafas de água…

            — Considere o pedido atendido — disse Jordan.

            Diana abriu um mapa do Wyoming sobre a mesa. O papel estalou sob suas mãos quando ela falou:

            — Tudo o que temos de fazer agora é decidir onde devemos armar uma emboscada para Jakes.

            Todos se acercaram do mapa.

            — A esta altura — disse Jed, apontando — ele provavelmente ainda está na Rodovia da Entrada Oeste.

            — Sim — concordou Marco — mas não temos como saber exatamente onde na estrada. Se surgirmos atrás dele, estamos fritos.

            Apontando para o mapa, Tom observou:

            — Vejo outro problema: não há muitas estradas secundárias naquele trecho. Não há um bom local para armar uma cilada.

            Cruzando os braços, Marco disse:

            — O único lugar viável é o cruzamento entre a Entrada Oeste e a Estrada da Grande Volta. Sabemos que ele tem que pegar esse caminho para chegar ao seu alvo.

            — Esse lugar não é perto demais? — perguntou Diana. — Se esperarmos até que chegue ao cruzamento, ele já estará dentro do perímetro da cratera. E se ele detonar a ogiva antes que possamos desarmá-la?

            — Então seis bilhões de pessoas terão um dia realmente ruim — profetizou Tom. — Jed e eu podemos nos posicionar como atiradores de elite. Diana, precisaremos de você como sentinela avançada, para nos alertar com antecedência sobre o momento em que ele estará ao alcance da nossa mira. Assim que ele alcançar o cruzamento, daremos os tiros: nós o mataremos primeiro, para depois parar a caminhonete.

            Jed concordou com a cabeça.

            — Entendido.

            — Pessoal — disse Diana, com a testa franzida de preocupação —, detesto ter que perguntar isto, mas e se vocês errarem? Como vamos perseguir a caminhonete?

            Tom olhou esperançoso para Kendall.

            — Acho que não conseguiremos levar um carro conosco.

            — Desculpe — respondeu Kendall. — Só consigo abrir um portal tão largo quanto meus braços abertos.

            Fazendo uma pose que lembrou a Diana o famoso desenho “Homem Vitruviano”, de Leonardo da Vinci, Kendall acrescentou:

            — Nada mais largo do que isto pode passar.

            Marco brincou:

            — Alguém tem um Mini Cooper?

            — O caramba — rebateu Jed. — Não vou fazer uma perseguição de alta velocidade numa porcaria de um Mini Cooper.

            — Relaxa — disse Marco. — Eu só estava brincando.

            Caretas de pavor davam um tom sombrio aos rostos dos agentes. Jed deu alguns passos e limpou o suor de sua face. Então ele parou, virou-se para o grupo e disse:

            — Podemos confiscar um carro nas redondezas.

            — Ninguém garante que acharemos um exatamente quando precisamos dele — rebateu Tom. — Além do mais, a partir do momento em que começarmos a perseguição, os guardas do parque estarão todos atrás de nós. E, caso algum de vocês tenha se esquecido, nós todos somos tecnicamente fugitivos federais agora.

            Diana olhou para a jaqueta de couro surrada de Kendall e teve um lampejo de inspiração.

            — Motocicletas! — exclamou ela. — Tom, eu sei que você ainda sabe pilotar, e eu posso lidar bem com uma. E quanto a você, Jed?

            — Droga, claro — respondeu Jed. — Eu pilotava uma Harley.

            — Estreitas o suficiente para passar pelo portal — Diana concluiu — e mais do que rápidas para alcançar uma picape.

            Tom sorriu em aprovação.

            — Bem lembrado — ele olhou para Jordan. — Seu pessoal pode nos conseguir algumas motos?

            — Claro — respondeu Jordan. — Temos algumas na garagem.

            — Assim, nos resta apenas um pequeno problema — disse Jed. — Consideremos que tudo dê certo: nós pegamos Jakes e paramos a caminhonete. Como vamos desarmar a superbomba dele?

            Todos direcionaram olhares de súplica para Marco.

            — Ah, claro — o irritado e jovem analista disse, forçando uma cara feia. — Sem pressão.

Notas:

1 Department of Homeland Security.

2 Colbert Nation – Expressão criada pelo apresentador Stephen Colbert, apresentador do programa de televisão americano The Colbert Report, de sátira política.

comentários
  1. alexandre disse:

    Muito bom… pena que não tem outro traduzido. Muito obrigado pelo bom trabalho deste blog!

  2. bonequinha disse:

    muito bom parabens, continue assim, muito anciosa para ver os próximos. 😀

  3. Beatriz Machado disse:

    A cada capítulo mais emocionante. To adorando!!!!

  4. eduardo disse:

    depois desse livro, tem continuação ?

  5. Aline disse:

    ótimos capítulos e traduções!

    até a próxima.

  6. Roger disse:

    ja esperando o proximo

  7. monseca disse:

    Parabéns pelo trabalho.
    No aguardo dos capítulos finais.
    Obrigado

  8. Drika disse:

    excelente trabalho!

  9. Muca velasco disse:

    Esta incrível !

Deixar mensagem para monseca Cancelar resposta